segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Arctic Fernanda

Afinal, o que é tudo isso aqui senão um arsenal da sua cara com filtros e harmonizações? Da sua família legal, da sua vida incrível, da sua vida romântica perfeita.
Para mim, isso é um lugar de que ouço falar quando alguém perto de mim vem contando quem está namorando com quem, quem traiu quem e passou a namorar a tal da menina que não presta, e a ex engordou, claro.  
É só sobre isso mesmo de que ouço falar. Ninguém sai daqui, que eu me lembre, melhor do que entrou. Por que haveria de ser? Veja como estou agora, reclamando os percalços da vida, e você não vai sair melhor depois de ler essa minha reclamação.
Certa vez, me ocorreu uma coisa curiosa. Uma mulher que nem sei o nome tirou o celular do bolso pra me mostrar um bebê. Por que eu iria querer ver o bebê cuja mãe não é minha amiga e ela mesma não me mostrou o próprio filho?
Mas muita gente via a tal criança, ali exposta na internet, toda fantasiada mensalmente igual as blogueiras fazem com os próprios filhos, só que patrocinadas, pra te vender a ideia de que você não será uma boa mãe se não fizer o mesmo - com seu próprio dinheiro que poderia estar investido no tesouro Selic, se ele melhorar.
E ninguém se pergunta nada. Continuam usando os filtros. Não usam depois de se perguntarem, mas simplesmente não se perguntam. "Tome aqui o meu nariz, deixe ele fino".
Mas do que é que eu estava reclamando mesmo?
Ah, dos percalços da vida.
Por algum motivo, essa plataforma ainda é boa para certos jobs e por isso estou aqui. Só por isso mesmo e algumas hipocrisias anuais.
Continuarei até falir, eu acho, mas vou tentar diminuir os percalços.
Aqui você não vai encontrar algo sobre o que fofocar de mim pra sua tia. Minha foto bonita na internet está lá no Lattes, pode checar. Aquele outro site de currículos que esqueci o nome, infelizmente não uso, mas me lembrarei de tirar uma foto bonita pra lá também, caso eu precise. Talvez eu até bote um filtro, o que acha?
De que mais eu preciso?
Uma vida amorosa, certo. Mas a tradicional ou qualquer uma?
Alianças, perfil conjunto (cool em 2012) e uma bela foto do casamento e do bebê fantasiado mensalmente. Anotado. Um bebê hétero, aliás.
Fotos, ok. Relacionamento tipo Disney, ok. Bebê hétero, ok.
E uma carreira?
Acreditam que, quando me param no supermercado, é a última coisa que me perguntam? Mas uma carreira é importante, eu acho. Ou será que não é mais assim em 2020? Desculpem, estou atrasada, estava lendo, aí quando tirei os olhos do papel ainda era 2020 e tinha racismo, gente falando mal do corpo alheio e me fazendo perguntas pessoais e não sei como, mas eu sei sobre a vida amorosa do Winderson Nunes mesmo que eu nunca tenha visto ele pessoalmente, nem somos amigos, e não me lembro dele mesmo ter me contado sobre sua vida amorosa
hahahahahahahahahahahahhaahahahahahhahahahahahahahahahahahahahahahahhahahahahahahahahahahhahahahahaha.
Devo estar delirando mesmo.
Mas acho que era isso mesmo o que eu tinha pra dizer.
Não falem comigo se for pra eu perder meu tempo, sério, já tenho amigos e amigas, o meu orientador tem meu e-mail, qualquer coisa que vocês precisarem, não iriam me procurar por aqui, né?
Então, se for pra falar comigo, não falem.
Se eu puder pedir mais uma coisinha, também não falem comigo no mercado, seria tão gentil de sua parte...
Se não estiver na minha lista de amigxs, se não for me mandar jobs, só não falem comigo.
Eu vou deixar mais claro, prometo, e vou até mudar meu nome pra Fernanda, pra ver se todo mundo que não tá na minha lista de amigxs, para de me achar.
My bad, fui realmente ingênua esquecendo de mudar meu nome aqui.
Beijinhos ❤

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Pensamentos de hoje à tarde

É assim mesmo, só escrevo quando estou triste. Pensei que todas as horas de estudos servissem para alguma coisa além das linhas no Lattes, pra apagar dentro de mim os sentimentos humanos, aqueles inferiores das pessoas que sofrem de amor.
Rio dos romances, digo que antigamente as pessoas eram menos evoluídas e que não faz sentido sofrer uma doença, chamar o médico, ir para o exterior a fim de curar um coração partido. Os intelectuais não sofrem, os cantores sertanejos, sim.
E então, eis que eu sofro. Perco pontos no meu QI, produzo menos ciência aquele dia, como chocolate. E escrevo. Escrevo naquele semana mais do que declarações de amor em todos aqueles anos. Penso em ser imediatista e acabar com meu sofrimento, sumir das redes sociais, ficar dois meses me recuperando com os livros da Fernanda Young. Penso que posso voltar a dançar sozinha em casa, me arrumar para tirar fotos, fazer vídeos chamadas com as pessoas que conheci na internet, aprender mais uns dois idiomas. Me encher de coisas e chorar só uma vez por dia, ainda terminar esse período tendo publicado um livro. E penso o quanto queria que você não me fizesse falta, que seria simples mandar as coisas pelos Correios. Eu rasgaria as fotos, bloquearia amigos em comum, seria como se eu tivesse te amado menos.
Eu iria chorar todos os dias em que você não corresse atrás de mim e, na verdade, acredito que você não correria atrás de mim. Não muito. É coisa de comédia romântica e você sempre com muita preguiça.
Nesses dias, eu vou e volto, escrevo e apago, fico forte e depois, fraca. Imagino mil histórias na cabeça e de todos os finais, qual seria meu preferido. Eu nunca tendo a me iludir, sempre mensuro o tamanho do estrago, escolho esse final, o mais abrupto, que acabaria mais rápido com as minha agonia.

Preciso escrever mais poemas de amor quando a gente está bem...

domingo, 14 de junho de 2020

seguir por obrigação ou um grandessíssimo tabu contemporâneo

oi :)

desde 2013, se não me engano, quando eu tinha um celular mais simples que não suportava o aplicativo do intagram, eu ficava cobiçando as fotos conceituais de outras pessoas, com aqueles filtros nativos que, hoje em dia, são considerados um horror e meu sonho era ter um celular mais moderno pra fazer fotos igualmente conceituais. foi então que eu tive meu galaxy pocket e tudo começou.

esse sempre foi meu aplicativo preferido. pouco tempo depois, eu abandonei o facebook, que se tornou a rede social dos nossos pais, tios e avós, enquanto os jovens tinham instagram, postavam selfies, depois começaram a compartilhar algo muito melhor: experiências e conhecimento.

vamos dar um salto pra 2020. o instagram não representa mais a mesma coisa pra mim; ele se tornou um vício! eu já tenho os meus critérios para usá-lo, sei exatamente o que gosto, não tenho medo de fazer novas seleções, aprendo estoicismo, minimalismo, participo de clubes literários. o grande porém é que essa ferramenta é extremamente viciante e nos rouba tempo de leitura, de reflexão, de silêncio. desde então, tenho procurado novas maneiras de lidar com seus pontos fortes e fracos, preservando minha paz mental.

hoje, eu quero conversar sobre o tal do "seguir por obrigação", um grandessíssimo tabu contemporâneo. muitos de nós já superou o assunto menstruação, por exemplo, mas ainda segue no instagram aquela conhecida que não sente muita afinidade.

eu estava lendo alguns livros sobre neurociência* e algumas passagens explicam sobre a nossa necessidade de retribuir e agradar (é o que nos faz ceder a um vendedor de roupas insistente, por exemplo). eu também sinto isso, não estou isenta da culpa quando fulanita resolve tirar satisfações comigo sobre porque parei de acompanhá-la nas redes sociais. o ponto é: eu não gosto de atitudes diplomáticas ou evasivas e a culpa que eu sinto quando saio pela tangente quando eu deveria ter sido sincera é muito superior à culpa por ter "magoado" alguém por um motivo tão insignificante.

aqui vão as minhas sinceras explicações: eu não sigo as minhas amigas nas redes sociais porque não me interesso por lifestyle ou selfies; eu não sigo algumas amigas nas redes sociais porque seu senso estético (lê-se: filtros, assuntos, paleta de cores, fotos sem noção sobre como ela se cortou com a faca, foto dela tomando soro no pronto atendimento etc) não me agrada; não sigo familiares ou conhecidos da minha cidade porque não gosto de me expor, por isso, geralmente bloqueio essas pessoas; não sigo perfis pessoais das minhas amigas ou conhecidas que não têm a ver com algo do meu interesse, por exemplo, se não tenho curiosidade em aprender sobre arquitetura, não seguirei a amiga que fala sobre o assunto; bloqueio pessoas, sejam elas famosas ou não, que eu sinto qualquer desconforto, ex amiga, ex namorado ou blogueiras brancas que se fantasiam de negras etc; dentre muitos outros casos, mas acredito que vocês entenderam o x da questão.

outras explicações adicionais que deveriam ser óbvias, mas não são: amizade não é seguir no instagram, é ter uma checklist com o nome das pessoas que serão convidadas pro seu aniversário; amizade não é seguir no instagram, é separar uma parte do seu orçamento pra viajar com a melhor amiga todos os anos; amizade não é seguir no instagram, é comprar os produtos que ela produz e ajudar a divulgar seu trabalho; amizade não é seguir no instagram, é saber que uma pode contar com a outra nos momentos bons e nos ruins.

sobre as pessoas conhecidas que mesmo assim se sentem no direito de cobrar quando eu paro de seguir: não sigo perfis que não agradam meu senso estético; não sigo perfis de assuntos que não são do meu interesse; não sigo pessoas que só postam selfie ou foto de casal (isso é um assunto pra terapia, mas me sinto muito incomodada com trocas de fluidos corporais em público, argh!); não sigo perfis que incentivam o consumo; também não sigo pessoas que possuem algum valor muito destoante do que eu acredito como indivíduos preconceituosos, meritocráticos, conservadores etc. já deixei de seguir uma pessoa que eu gostava bastante, mas perdi a admiração quando ela começou a se mostrar ciumenta com o marido dela. não é pra isso que eu pago internet, convenhamos.


parece muita coisa, mas o mundo é outro - e olha que nem estou entrando no mérito do mundo pós pandemia - e os valores são outros. acredito que as blogueiras do corpo perfeito já não tenham mais tanto espaço e relevância, e os perfis que lutam por alguma causa ou ensinem algo estejam ganhando força. mas, como eu disse, nada é tão óbvio, apesar de extremamente simples. gosto muito dessa frase que rege a minha vida e resume esta e outras questões (preste atenção e guarde bem!):

don't do anything/ don't own anything/ don't be anywhere/ or around anyone/ that you don't love**


considerações finais: sei que o instagram e tantas outras redes sociais é o trabalho de muita gente, por isso, não se sinta ofendida ou ofendido por eu ter chamado o aplicativo de insignificante. apesar do seu pior defeito - na minha opinião! - ser o tal do vício, é uma excelente ferramenta pra ficar por dentro de conteúdos maravilhosos de tanta e tanta gente especialista nos mais variados assuntos, além de poder conhecer e conversar com pessoas que compartilham vivências incríveis. só peço uma coisa: mantenha a vida simples! sem cobranças, sem perder tempo com o que não acrescenta. pra mim, o instagram é um pouco insignificante sim, por isso não leve a mal se eu parar de te seguir por lá. o que importa é a vida que acontece offline.


Y A Y!


* "cérebro, uma biografia" e "o cérebro que não sabia de nada"
** não sei exatamente a autoria da frase, mas eu vi no site da Aja Edmond. a tradução é algo como "não faça nada, não possua nada, não esteja em nenhum lugar ou ao redor de qualquer pessoa que você não ame"

quinta-feira, 4 de junho de 2020

a organização que eu uso // parte 1

oi :)

algumas pessoas dizem que me acham organizada e, realmente, eu tento.
então vou explicar por aqui, de forma simples e minimalista, como é minha organização.
bom, o método que eu uso se chama GTD, criado pelo David Allen. aqui no Brasil, quem fala sobre ele é a Thais Godinho e eu também indico demais o podcast da Camila, diário de organização, no Spotify.
esse meu post super resumido não substitui a leitura do livro GTD (ou A arte de fazer acontecer) nem os cursos ministrados pela Thais, ok?

vou começar te falando sobre os horizontes mais elevados. são eles:
- horizonte 5: princípios e propósitos
- horizonte 4: visão
- horizonte 3: metas e objetivos
- horizonte 2: áreas de foco e responsabilidade
- horizonte 1: projetos
- térreo: calendário/ ações

agora pegue uma folha em branco ou seu bujo ou alguma ferramenta que dê pra escrever bastante como o Notion, o Onenote, o Evernote, algo assim. eu uso o Onenote, mas estou migrando pro Notion, pra testar.

e vamos começar a organizar o horizonte 5: princípios e propósitos
algumas perguntas pra te guiar: quem sou eu? qual é meu cronotipo? quais são os meus valores? quais são as coisas que me inspiram? o que eu gosto de fazer? o que eu não gosto de fazer?
aqui você também pode pensar que tem 90 anos e refletir o que você gostaria de ter feito da vida, como gostaria de ter vivido.

outra dica é encher essa página com poemas que te representam, imagens, desenhos, tudo o que você mais ama. se um dia você fizer alguma análise do seu mapa astral, coloque aqui também e vá alimentando esse espaço com tudo que te representa.


horizonte 4: visão
eu acho isso muito divertido!
aqui você vai fazer uma linha do tempo da sua vida e escrever o que gostaria de ter realizado em cada ano. minha terapeuta achou legal, mas disse pra tomar cuidado com as frustrações (se preferir, fale com sua/seu terapeuta antes).

fica assim:
30 anos - terminar o doutorado
31 anos - estar trabalhando na área
...
entendeu, né?


horizonte 3: metas e objetivos 
bom, aqui você precisa listar todas as suas áreas da vida. exemplo: família, saúde, faculdade, namoro etc. ou você pode pegar essas áreas prontas na roda da vida (é o que eu faço!).
dentro de cada área, você vai listar as suas metas daqui dois anos e seus objetivos daqui cinco anos.

pense assim: em 2022, o que eu quero que seja verdade na minha vida na área trabalho? em 2025, o que eu quero que seja verdade na minha vida na área trabalho? 


horizonte 2: áreas de foco (papeis que desempenho) e responsabilidade (papeis que desempenho dentro dessas áreas de foco)
sabe essa lista de áreas da vida que você criou (ou pegou da roda da vida) no horizonte 3? agora você vai copiar novamente aqui, mas não vamos pensar daqui a dois ou cinco anos, vamos pensar no agora!

exemplo: dentro da área trabalho, minha responsabilidade é
- não deixar acumular tarefas
- todo mês, pesquisar cursos e eventos para ter certificados e subir dois cargos em 2022
...

esses são os horizontes mais elevados do GTD. eles servem para que todas as suas ações no presente estejam alinhadas com quem você é e os seus objetivos mais altos. toda a sua vida ficará coerente dessa maneira. você terá um norte que será sempre revisado e, quando necessário, modificado.

no próximo post, vou falar mais sobre o horizonte 1 e o térreo.

Y A Y!

deixo aqui embaixo leituras complementarem:
planejamento da vida de acordo com os horizontes do gtd
meu sistema gtd atual: horizontes mais elevados
organizando um ano novo com os horizontes de foco do gtd



sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Crônica da madrugada:: Atualizações

Atualização 1- David se chama Fábio. Nossa, que decepção! Adoro o nome Fábio (de coração), mas meu novo pseudo amigo gay tem TANTO cara de David. Acho bem provável eu trocar os nomes, visto a quantidade de Peixes no meu mapa. Quebrando minhas expectativas assim logo de cara, em menos de um mês.... Homens...
Atualização 2 - quando eu tento explicar formalmente alguma das minhas teorias, como, por exemplo, "por que você dá nome pros sapatos, mas não nomeia as roupas?". Eu Realmente não sei explicar formalmente! Mas há uma lógica intrínseca a tudo isso. Veja bem, roupas são roupas, você apenas compra pra não andar por aí pelado, não necessariamente você é maluco por todas elas. Mas sapatos são sapatos. Você terá mais chances de lembrar os nomes, visto que são menos pares do que as peças de roupas. Entende? E se colocar o mesmo nome em vários, ajuda. Tenho uma Melissa Georgina, uma alpargata Georgina e uma bolsa preta de gatinho Georgina. Simples. Lógico.
Mas quando alguém consegue traduzir minhas teorias de uma forma tão simples, como faria um dicionário, ah... 

Atualização 3 - sei que sou fofinha. Mas não precisa repetir isso o tempo todo. Vlw. Flw.

(21 de fevereiro de 2017)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

olá meninas + por que eu sumi

Aos poucos, acho que estou voltando a escrever e tudo parece se alinhar com meu grande projeto do ano: arte! Tempos atrás (gosto muito de falar sobre isso, né?), eu costumava me achar tão artística e tão intensa... Eu acendia velas em noites comuns, tinha meus ritos com cremes cheirosos após o banho e aproveitava pra dançar ao som de B B King, sozinha, me admirando no espelho. Associei essa parte minha a outras pessoas, uma pena, porque nada disso me foi dado. Me esqueci por um tempo de ser artista, como quando o professor de matemática me disse "comece a escrever um livro hoje!" e a Rejane, aquela vez, me deu dez na prova e perguntou "você é escritora?". Lembram? Já falei sobre isso por aqui. Estou muito ocupada com os cinco idiomas no meu Lattes, as teses, o Foucault, lavar louça e tudo mais, que a vida acabou caindo naquela rotina chata com pouquíssima arte. Não basta uma playlist indie misturada com anos 80. Já não é suficiente. Estou voltando pros banhos longos à luz de velas, a conversar com o espelho

e a escrever.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Devia estar na fila do branco, mas estou aqui escrevendo

Já tem umas duas semanas em que, todos os dias, começo cerca de três crônicas com ótimos títulos e um primeiro parágrafo de tirar o fôlego, mas quase nunca os término.
Pra falar a verdade, não sei se são bem os textos que estão brotando de mim porque de repente eu virei a melhor cronista do mundo, ou se são apenas as sensações malucas que se confundem com inspiração.
Acho que as crônicas nunca terminam porque estamos todos no centro. Estamos no meio do mês, na metade de um caso de amor que tive uns anos atrás, que não chegou ao "eu te amo", muito menos ao "quer ir pra outro lugar mais tranquilo?". Fui verificar meu "calendário de mulherzinha" e aquela coisa deve estar muito errada. Eu me sinto no meio do mês o tempo todo, acho que desde o semestre passado, no meio do ano, nas noites de segunda feira. A vida é uma eterna aula de Libras em que você está completamente apaixonada pelo colega de classe.
Estamos no meio. O meio é o melhor lugar. Estamos longe do fim e das decepções, estamos num "não lugar" em que tudo é fogo e paixão.
Deve ser por isso que meus textos nunca chegam ao fim. Eles param no meio. Você não sabe o que vem depois.
E fica tudo assim, pairando, sem nenhum desfecho.


(23 de janeiro de 2017)

29 de janeiro de 2020

Lembro que, três anos atrás, eu estava apaixonada. Tudo começou com a greve na faculdade; era janeiro e eu estava escrevendo relatórios, comendo brownie e tentando decifrar a bendita optativa que eu decidi me inscrever ~ por diversão.
Hoje encontrei um texto antigo, dessa mesma época. Se eu procurar, também encontrarei anotações no meu bullet journal daquele ano. Não faz tanto tempo assim, mas em 2017 costumávamos escrever mais em blogs e agendas, e postar bem menos.
Lembro bem da sensação que eu tinha, de um mundo totalmente novo esperando pra ser descoberto. Eu poderia me apaixonar novamente depois de uma grande desilusão e o meu ano novo seria todo meu; meu e das minhas descobertas.
De fato, 2017 foi tudo aquilo e muito mais. Você pode olhar os textos antigos, foi de longe o período que eu mais escrevi. Me arrisquei, me joguei em tudo que não era errado aos meus olhos: a minha alma pedia!
É bom ter guardado meus escritos e essas sensações tão, tão sutis que a gente reza a Deus pra esquecê-las (quando se está chorando ou quando você está na vigésima sessão de terapia sobre o mesmo contatinho), mas que, depois, você se esforça muito pra lembrar.
Que bom que eu escrevi!

29 de janeiro de 2017

Crônica da madrugada:: 03h10
Não pensei que algo tão esclarecedor pudesse se manifestar em mim agora, sábado de madrugada. Sinto dizer que, embora seja deusa da Análise do Discurso, minhas teorias já não me servem de nada nesse momento. As palavras, minhas queridinhas, que levam meus pensamento até as outras pessoas e que servem de ferramenta pra despertar as mais doces sensações, elas me caíram por terra. Não analisei as frases, as pausas, a entonação, respiração, os fonemas ou a cadência. Eu só me permiti ficar em completo silêncio interior, não pra ouvir aquelas palavras e tentar entendê-las, mas pra senti-las. É claro que assim, transcendendo teorias e mandamentos, você pode até recitar uma receita de miojo que nenhum linguísta seria capaz de captar a mensagem, aquela que só se ouve em silêncio. Você poderia ler uma agenda telefônica e eu sentiria seu coração batendo mesmo assim. Quando não se tem respostas, os livros e a opinião alheia podem mais atrapalhar do que ajudar. Ainda mais quando se tratam só de palavras, bem sabemos que podem ser manipuladas e viradas do avesso. Se tivermos linguagem corporal, pele a pele e olhar, também daríamos menor importância às palavras. A verdade não está escrita em nenhum lugar, ela é vivenciada. Dizem que Deus é a Verdade, certo? E ele é paupável dentro de você, no seu silêncio, quando você fecha seus olhos, se aquieta e então vivencia algo fora do comum.
Estou feliz, nessa madrugada de verão, ainda amando muito as minhas palavras (deusa da AD), mas bem melhor depois de ouvi-las (umas 197 vezes ~ risos) com meu coração. Elas são quentes, ao mesmo tempo frescas, uma brisa leve, arrepiam um pouco, passam pela boca do estômago como verdadeiros sintomas dos meus vinte e poucos anos. As famosas borboletas.
Amo viver.

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23 de janeiro de 2017

Preste atenção nas suas palavras. Cuide muito bem dos seus pensamentos. Cuidado com o que pede ao Universo.
Ele realmente pode te ouvir.