quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Devia estar na fila do branco, mas estou aqui escrevendo

Já tem umas duas semanas em que, todos os dias, começo cerca de três crônicas com ótimos títulos e um primeiro parágrafo de tirar o fôlego, mas quase nunca os término.
Pra falar a verdade, não sei se são bem os textos que estão brotando de mim porque de repente eu virei a melhor cronista do mundo, ou se são apenas as sensações malucas que se confundem com inspiração.
Acho que as crônicas nunca terminam porque estamos todos no centro. Estamos no meio do mês, na metade de um caso de amor que tive uns anos atrás, que não chegou ao "eu te amo", muito menos ao "quer ir pra outro lugar mais tranquilo?". Fui verificar meu "calendário de mulherzinha" e aquela coisa deve estar muito errada. Eu me sinto no meio do mês o tempo todo, acho que desde o semestre passado, no meio do ano, nas noites de segunda feira. A vida é uma eterna aula de Libras em que você está completamente apaixonada pelo colega de classe.
Estamos no meio. O meio é o melhor lugar. Estamos longe do fim e das decepções, estamos num "não lugar" em que tudo é fogo e paixão.
Deve ser por isso que meus textos nunca chegam ao fim. Eles param no meio. Você não sabe o que vem depois.
E fica tudo assim, pairando, sem nenhum desfecho.


(23 de janeiro de 2017)

29 de janeiro de 2020

Lembro que, três anos atrás, eu estava apaixonada. Tudo começou com a greve na faculdade; era janeiro e eu estava escrevendo relatórios, comendo brownie e tentando decifrar a bendita optativa que eu decidi me inscrever ~ por diversão.
Hoje encontrei um texto antigo, dessa mesma época. Se eu procurar, também encontrarei anotações no meu bullet journal daquele ano. Não faz tanto tempo assim, mas em 2017 costumávamos escrever mais em blogs e agendas, e postar bem menos.
Lembro bem da sensação que eu tinha, de um mundo totalmente novo esperando pra ser descoberto. Eu poderia me apaixonar novamente depois de uma grande desilusão e o meu ano novo seria todo meu; meu e das minhas descobertas.
De fato, 2017 foi tudo aquilo e muito mais. Você pode olhar os textos antigos, foi de longe o período que eu mais escrevi. Me arrisquei, me joguei em tudo que não era errado aos meus olhos: a minha alma pedia!
É bom ter guardado meus escritos e essas sensações tão, tão sutis que a gente reza a Deus pra esquecê-las (quando se está chorando ou quando você está na vigésima sessão de terapia sobre o mesmo contatinho), mas que, depois, você se esforça muito pra lembrar.
Que bom que eu escrevi!

29 de janeiro de 2017

Crônica da madrugada:: 03h10
Não pensei que algo tão esclarecedor pudesse se manifestar em mim agora, sábado de madrugada. Sinto dizer que, embora seja deusa da Análise do Discurso, minhas teorias já não me servem de nada nesse momento. As palavras, minhas queridinhas, que levam meus pensamento até as outras pessoas e que servem de ferramenta pra despertar as mais doces sensações, elas me caíram por terra. Não analisei as frases, as pausas, a entonação, respiração, os fonemas ou a cadência. Eu só me permiti ficar em completo silêncio interior, não pra ouvir aquelas palavras e tentar entendê-las, mas pra senti-las. É claro que assim, transcendendo teorias e mandamentos, você pode até recitar uma receita de miojo que nenhum linguísta seria capaz de captar a mensagem, aquela que só se ouve em silêncio. Você poderia ler uma agenda telefônica e eu sentiria seu coração batendo mesmo assim. Quando não se tem respostas, os livros e a opinião alheia podem mais atrapalhar do que ajudar. Ainda mais quando se tratam só de palavras, bem sabemos que podem ser manipuladas e viradas do avesso. Se tivermos linguagem corporal, pele a pele e olhar, também daríamos menor importância às palavras. A verdade não está escrita em nenhum lugar, ela é vivenciada. Dizem que Deus é a Verdade, certo? E ele é paupável dentro de você, no seu silêncio, quando você fecha seus olhos, se aquieta e então vivencia algo fora do comum.
Estou feliz, nessa madrugada de verão, ainda amando muito as minhas palavras (deusa da AD), mas bem melhor depois de ouvi-las (umas 197 vezes ~ risos) com meu coração. Elas são quentes, ao mesmo tempo frescas, uma brisa leve, arrepiam um pouco, passam pela boca do estômago como verdadeiros sintomas dos meus vinte e poucos anos. As famosas borboletas.
Amo viver.

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23 de janeiro de 2017

Preste atenção nas suas palavras. Cuide muito bem dos seus pensamentos. Cuidado com o que pede ao Universo.
Ele realmente pode te ouvir.