sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Lisez-moi

A poesia escolheu Catarina, não os números, embora de todo não seria ruim, entre um beijo e outro, é claro. Ela sabe muito bem que conversa mansa e charme são ótimos elementos pra se iniciar uma noite, mas não a faça esperar muito. Ela é daquelas que rasga verbos e blusas, nasceu em março, é de fogo. Tem cílios curvados e clavículas desenhadas, ela te procura em pensamento pra nunca dormir sozinha. E despida de falso moralismo é bem melhor. Na veia corre vinho, a pele é de porcelana e ingenuidade, nunca se sabe ao certo o que pensa. Ela te engana tão fácil que chegou a criar uma teoria: Catarina não é o que fala, mas o que escreve. Não é por mal, o mundo não está preparado pra essa sinceridade toda. Ela caminha entre a insanidade e a lucidez, não se assuste se entre um suspiro e outro ela sussurrar qualquer coisa em francês... un restaurant bon et pas cher, s'il vous plaît... excitante em qualquer contexto. Catarina decorou três ou quatro dogmas religiosos pra ter o que falar com as amigas mais próximas, não conta seus segredos numa rodinha de fofoca, deixa que pensem que é daquelas que John Green descreveria nos seus livros. Só os poetas e os boêmios saberiam decodificá-la. Catarina já se cansou de ouvir a mesma ladainha, ela quer é transbordar lirismo, sussurrar mais alto, se embebedar de si mesma, amar sem pudores. E ama. Catarina está aprendendo a ser cada dia mais sua.

sábado, 18 de outubro de 2014

Eu fui perguntar as horas pro Google, não sabia se meu celular tinha aderido ao horário de verão sozinho, ou se eu teria que fazer isso por ele. Entrei no Facebook, li umas três ou quatro crônicas de uma tal de Anna, fiquei com vontade de ler Lolita, mas estou num grande caso de amor com o García Márquez. Até quinta, Deus que ajude. E essa Anna dizia nos textos que o feminismo havia salvado sua vida, que se tornou uma mulher confiante, que sabe muito bem que seu corpo é só dela. Eu parei por dois segundos e pensei em comprar seu livro. Depois pensei que se eu comprasse Lolita teria que ler às escondidas.
Esse mundo de aparências me acorrenta, mas não corrompe meu âmago, ainda sofro do mal de não ter opção. Sou poeta, amadora da vida, alma livre nas folhas de papel. Um dia hei de tatuar Bukowshi nas costas e andar com Fabio Chap na língua.

segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Queria poder conseguir compartilhar minha áurea com vocês, ou pelo menos deixar minhas redes sociais com suas devidas fachadas bem minimalistas e vintages o suficiente pra vocês se inspirarem. Queria que as fotos estivessem todas padronizadas com aquele efeito fade que eu amo tanto, tanto que até pensei em apagar todas e postar novamente. Queria poder transmitir esse clima, que é tipo quando você lê poeminhas bonitos e curte o fato de ter trinta e sete coisas da faculdade pra fazer, mas deixar tudo pra última hora, sabem? Tá tão gostoso e calminho aqui, que eu não quero que o dia termine sem inspirar alguém... Se eu estivesse sozinha em casa, decerto que faria um vídeo cantarolando Clarice Falcão e suas músicas gracinhas de pé na bunda, mesmo eu estando mais pra Mallu Magalhães. O auge do meu egocentrismo e compras desenfreadas me trouxeram a uma saciedade emocional que até Freud acharia difícil de explicar, devido à minha ansiedade crônica e pré-disposição à melancolia poética de Brás Cubas, contudo, essa vida mansa de achar um "thank you" escrito em dourado dentro de uma sacolinha de compras, uma boa massagem nos pés, viver as emoções de agora sem me preocupar com as de amanhã, está sendo uma terapia bem libertadora.