segunda-feira, 26 de maio de 2014

Overdose poética. Taquicardia. Falta de ar.



Eu tirei o domingo pra ler poesia. E tive doses elevadas de adrenalina. Libertei as amarras que a hipocrisia vira e mexe nos coloca e me rendi aos textos mais envolventes que encontrei por aí. Me deitei ao som da minha música preferida num volume prejudicial à saúde e pouco me importei com o horário.  A madrugada toda numa overdose poética, li todos os contos do autor e - entorpecida - reli. Quis também me desfazer em palavras pra me curar daquela crise pessoal que eu tivera a semana toda e, assim, li também a minha vida até ali, pra me entender, me descobrir. Então eu percebi os erros que eu havia cometido, a roupa estava comportada demais naquele encontro, as crises de ciúme foram desnecessárias, mas o que mais me perturbava era entender as atitudes que me fizeram receber a fama de menininha que se impregnou. Tipo a Sandy, sabe? Já sou mulher, cara. Não que isso seja um problema pras poucas pessoas que me conhecem de verdade, mas, sabe como é, as vezes isso irrita. Embora aquilo não fosse mudar a situação, tampouco me importava ser descoberta, eu lia e ria da superficialidade dos pobres coitados que não tiveram o prazer de sentir prazer com a poesia, que pensavam que eu prefiro Neruda à Bukowski, que eu sou de assoprar e não de morder. A madrugada seguiu ao som de Arctic Monkeys enquanto eu decorava citações que só pra recitar mais tarde ao pé do ouvido. E como diria Virginia Woolf "escrever é que é o verdadeiro prazer; ser lido é um prazer superficial".