sábado, 26 de abril de 2014

Pequeno

Aqueles que mais julgam uma criança mal educada são os que não a conhecem. Deve ser por isso que nos aproximamos tanto. Fizemos um trato - não pode bater nem brigar - e a partir daí não tivemos nenhum problema. E a gente se dá tão bem. Descobri que a grafia dele é caprichada e redondinha quando ele escreve meu nome com as letrinhas que aprendeu na escola. Ele sabe falar algumas palavras em inglês e aprende fácil aquilo que eu ensino, além de obedecer as regrinhas que eu imponho. Ao contrário do que dizem, não é ele quem pede colo - ele é bicho do mato - mas sou eu quem o carrego pra todo canto feito um bebê. Logo ele cresce, então por que eu não faria isso? Foda-se a minha coluna e os adultos gritando "solta esse menino nojento". Não sabem o que estão perdendo. Abraços quentinhos, as tais palavras em inglês que ele fala certinho, o "brigado" quando eu levo brinquedo novo, o amor que ele retribui com aqueles olhinhos verdes aos poucos em que confia. Um anjinho pequeno e inocente que me ensina a cada dia como é puro o amor de uma criança.
Porque - caros adultos - não se pode esperar ser amado aquele que não demonstra amor.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

frozen funny gif

Você se lembra do seu primeiro amor?

Ele tinha olhos castanhos, levemente puxados, que sumiam quando ele sorria. Os cílios eram tão lisos e macios quanto seu cabelo, este tinha cheiro de shampoo importado, cortado da forma Bieber que todos os garotos de 13 anos já tiveram um dia. A pele era clara, mas nem tanto. As bochechas eram macias e gostosas de apertar, enquanto a boca era desenhada, obra perfeita do Criador. Tinha um jeito sexy e maroto de mascar chicletes, lembro-me até hoje. E de jogar o cabelo pro lado. Ele tinha cheiro de Ferrari Black e às vezes, de Jequiti. Vestia-se com uniforme, mas dava um jeito de por seu jeito em tudo. Pulseiras com a cor do reggae, colar de coquinho. Nas festas, usava terno e gravata cor-de-rosa, nenhum outro ousava tanto. Outras vezes, vestia uma camiseta chamativa e um blazer por cima, descolado e fino na medida certa. Respeitava seu pai e era apaixonada pela mãe. Apaixonava todas as menininhas da sala de aula, inclusive eu. A primeira vez que tocou em mim foi num passeio para o laboratório de anatomia, era uma tarde nublada, ele me abraçou. Voltamos no ônibus ouvindo música, eu dormi no seu ombro. Daí em diante, todas se renderam ao seu charme e ele as tratou como princesas. Todas tiveram seu romance com ele, achavam normal dividir uma pessoa assim, tão única. Eu, por outro lado, nunca disse a ele o que sentia, muito menos a qualquer outra pessoa. Decidi não ser mais uma das que ele usava e jogava fora. Todos meus olhares e carinhos foram a forma mais pura de amar pela primeira vez, mas eu o deixei ir embora assim, sem ao menos beijá-lo. Nos vimos pela última vez na segunda fase de um vestibular. Ele tinha o mesmo cheiro de Ferrari Black e um jeito de se vestir e andar que me tirava o ar. Me deu um de seus abraços apertados, me fez sentir novamente como uma garotinha apaixonada de 13 anos. Ambos passamos no vestibular, em estados diferentes, em cursos diferentes. A marca que o primeiro amor nos deixa é algo extremamente maravilhoso de sentir e recordar, as sensações nunca são apagadas. Hoje me sinto feliz em ter conhecido alguém tão especial, um romance que nunca foi escrito, mas que se eternizou na minha história.