quinta-feira, 25 de julho de 2019

suba e esvazie

Eu não acho que esteja errada, algo me diz que não. Por mais assustador que possa parecer, faz parte de algo necessário, algumas escadas e uns muros pra escalar. Não chegamos nunca ao topo e isso é uma das coisas mais perfeitas criadas pela vida; uma eterna admiração do céu e das nuvens, porque quando chega lá em cima, tem que descer.
E sempre subimos. Ralamos os joelhos e o queixo também. Olhamos quem ficou pra traz, nos despimos todo dia daquilo que já não serve, que pesa. Por favor, por favor não me diga que Zaratustra estava errado, porque estou confiando nele.
Eu já não escrevo mais sobre o amor que conhecia antes - vamos chamá-lo de paixão. Os poemas me preenchiam e eram preenchidos por mim, por cada suspiro e suor. O sonho que não acontece simplesmente vira poesia; vira doença também, e de poesia esse mundo tá cheio.
Agora eu falo de mim, debaixo do céu ainda cor-de-rosa que eu costumava rodar com meus panos finos e esvoaçantes. Devo te dizer que depois que a gente cresce, param de nos achar bonitinhos, justamente porque - se tiver sorte - você estará lendo Nietzche e questionando as frases pré montadas que todo mundo diz sem nem pensar. E até mesmo o amor.
Quem é corajoso o suficiente pra questionar o amor? Eles não irão gostar de você.
Eles esperam sempre que você seja ingênuo o suficiente pra fazer rodar o sistema. 
Eles querem companhia. 

é assim que a humanidade evolui

foi sempre assim, eu e eu.
não por egoísmo, acredito que seja maturidade.
não sei,
os mais velhos acham que maturidade é
você sorrir pro vizinho que não gosta,
fingir que não ouviu seu tiozão falando uma frase
machista no almoço de domingo.
talvez seja, não é?
no entanto,
já faz um tempo que escolhi a mim mesma
como parceira,
meu Robbin.
e ela sempre aperta minha mão
naquele momento terrível que temos que escolher
ser eu mesma ou ser comum.
não iria imaginar, nos meus piores
pesadelos
um mundo tão apegado às tradições.
são ultrapassadas e eu só quero ir pra frente
mesmo que doa um pouquinho agora
na quebra de paradigmas
eu e eu somos a revolução.
porque é muita ingenuidade
contar que os outros estejam ali amanhã
como peça fundamental dos seus sonhos.
talvez na quinquagésima vez
quem sabe um dia
eles aprendam que eu sobrevivi
às imposições e às tradições
que no século XXI a medicina está bem avançada.
deve ter sido assim que muitos alcançaram
grandes feitos
dependendo
- somente -
de si mesmos.