sábado, 12 de maio de 2018

questionar é preciso

é extremamente desafiador esperar o outro, esperar as decisões do outro, esperar atitudes do outro. talvez essa dificuldade venha do nosso orgulho, aquele que quer sempre ter a palavra final. por outro lado, agora de uma maneira mais amorosa, esse desafio vem porque - em algum lugar no nosso âmago - a gente lembra que não deve criar expectativas. esperar, portanto, é criar expectativas que podem nos frustrar, na maioria dos casos. esperar também é dar o poder ao outro pra ele decida sobre o nosso destino. não entendo qual seria a decisão mais sábia a tomar aqui.
bem, podemos então decidir pegar a responsabilidade pela vida em nossas mãos; ir ou ficar, mas embasados nos próprios argumentos, sensações, percepções, intuições. talvez aí a vida possa nos surpreender. e aquela expectativa, então, que nunca chegamos a elaborar, possa ser a porta de entrada pra uma... surpresa! é melhor algo inesperado vindo do outro? melhor até mesmo do que as nossas expectativas? eu não sei a resposta, mas acho que pode ser "sim". 
ainda teimo em esperar que, ao abrir um livro, Clarice Lispector ou Liz Gilbert irão solucionar os meus problemas magicamente dizendo meia dúzia de palavras que façam sentido, me libertando do fardo de ter que decidir.
escolhi ser uma mulher forte, com uma boa ajuda do meu mapa astral. é nesses momentos em que gostaria de abrir mão dessa força, me inclinar sobre o complexo de Cinderela, esperar pacientemente até alguém trazer meu sapato perdido. temos que pagar tanto o preço por sermos vítimas, quanto por sermos o nosso próprio resgate. 
volto a citar Clarice: "é uma alegria difícil, mas uma alegria". 
ainda não fiquei sabendo que a Verdade desceu à Terra e sussurrou ao meus ouvidos as respostas pra tudo. hoje em dia, trabalhamos com bom senso, com a transcendência da moral e com a promessa pessoal de ouvir a intuição. a cada minuto, uma verdade diferente encontrada na busca desassossegada por não sossegar, aquietar o facho e lavar o chão do banheiro com lágrimas. 
não trago conclusão alguma a mim mesma além do tesão por questionar. acho válido chorar, ler poesia, beber uma taça de vinho (sem dirigir, ok?), comer chocolate, desabafar, escrever, o que for. 
mas curtir a fossa e liberar. não prender a vida. não achar que precisamos resolver tudo hoje. 
hoje, hoje eu vou deitar na cama e me amar, como se eu fosse uma garotinha frágil. amanhã sim, a gente pega a vida nas mãos e resolve. e era só isso que eu queria dizer mesmo.

a life less ordinary

a cada volta, um dia e uma noite de verão.
meus pés descalços, desequilibrados,
frios e desesperados,
por cair em terra firme,
dois andares abaixo das nuvens.
me lembre qual foi a última vez que me viu dançar,
enquanto eu lhe contava sobre
um ícone feminista ou discursava a respeito de teoria da moda.
se era apenas o chacoalhar do meu vestido verde
ou se por um acaso eu te deixava ver mais além,
enquanto eu estava em cima e você,
- bem -
embaixo.
talvez tenha sido lá pelas nove em que a vida enfim se tornou ordinária.
que foi quando eu errei a letra,
segurando a sua mão pra não cair.
enquanto fico tonta mais trinta segundos,
bebendo meu espumante,
espero a terceira vez de dizer sim.
que tal mais uma volta?
ou mais uma vida inteira?
eu espero as lágrimas terminarem de cair
ou se cansarem de lavar o chão do banheiro
pra subir na cama, encher a taça e
comemorar.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

não faça nada que você não ame

voltei!
pois é, voltei com um novo propósito pra esse blog amorzinho que criei com a finalidade de divulgar meus poemas e prosas, além de desabafar sobre minhas crises existenciais.
com a criação do ig @lepurecafe (me segue lá!) senti a necessidade de abordar outros assuntos além da arte pela arte.
agora vamos falar sobre várias coisinhas! yay!
gostaria de agradecer e das os créditos à @daninhelle, que em menos de um dia me ensinou mil coisas novas, me transformou em uma pessoa da tecnologia e me inspirou a voltar com o blog. 


pra começar essa nova fase do blog, hoje vamos refletir um pouco sobre a seguinte citação:
don´t do anything, don´t own anything, don´t be anywhere or around anyone that you don´t love.
essa é a frase que abre meu planner, grudadinha num post-it rosa. também é a máxima que rege meu ano, minha vida. é a definição perfeita que achei sobre o estilo de vida minimalista.
perceba, só faça/tenha aquilo que você ama. elimine os excessos.
nesses cinco meses de 2018, tenho praticado isso fielmente, me livrando aos poucos de alguns objetos que não fazem mais sentido, da bagunça, tomando cuidado com os itens novos que trago pra casa, me preocupando inclusive com o impacto que produzo no planeta, em termos de sustentabilidade. e está tudo sendo muito maravilhoso.

bem, estava.
um dia eu decidi quebrar minha própria filosofia de vida e imaginem só o que aconteceu. isso mesmo que você pensou: foi um caos!
parece bobeira ou utopia querer que a vida seja 100% do tempo perfeita, até mesmo uma audácia da minha parte, mas eu aprendi a não esperar menos que isso, a mirar na lua!
caso ainda não saiba, não existe culpa, mas responsabilidade! naquele dia, assumi a responsabilidade de quebrar meu protocolo e abaixar minha qualidade de vida indo pra um lugar que eu definitivamente não queria estar. pensei "é só uma vez, só pra agradar, tenho total controle dos meus sentimentos e não vou deixar isso estragar meu dia". nada disso deu certo.
sendo mais específica, tive uma crise de ansiedade logo após o evento, causada justamente pelos 25 sorrisos que eu não queria dar e mais umas 17 perguntas que eu não queria responder. não sou acostumada a fazer o que não gosto só pra agradar e, uma vez que você entende como as coisas funcionam (amor próprio, lei da atração etc) é difícil fechar os olhos, aceitar viver na mediocridade.

meu intuito aqui não é reclamar, muito menos responsabilizar qualquer pessoa que não seja eu mesma por qualquer circunstância. eu sou responsável pelas minhas escolhas, lembra?
mas queria compartilhar com vocês essa minha frase queridinha pra que mais gente possa se lembrar de que não devemos fazer nada que a gente não ama.
"mas tenho que fazer essa matéria chata que não amo", você pode largar a faculdade.
"mas e o meu trabalho?", você pode procurar outro emprego.
na maioria das vezes, temos livre arbítrio. repare quais são as desculpas que você usa pra não melhorar sua vida. a gente não nasce perfeito e não é "culpa" nossa. mas morrer na mediocridade, aí é sim responsabilidade sua!

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

transitório

eu sou minha.
minha.
mesmo sabendo que meu corpo é transitório, minhas joias, meus romances e as cartas que eu enviei. sou minha, apesar de ter aprendido a soltar tudo, entender que amanhã posso não estar aqui, posso não ter os membros que um dia eu pensei serem meus também. não sou dona, mas sim, responsável pelas minhas palavras, ações o que eu entendo das suas palavras e das suas ações. sou responsável por me amar o quanto eu desejo que o outro me ame. e ainda mais. porque dentro de um ônibus por sete horas, ou catorze - como ocorreu uma vez - estarei contente em ser minha própria companheira. quando doer vai doer em mim e eu vou me curar. vou sentir tudo, abraçar tudo o que vier. se der medo, vou buscar apoio dentro do meu coração, que venho treinando há 23 anos pra não quebrar tão fácil. então antes de me chamar de "minha" uma outra vez, procure amor dentro de si mesmo. não sou sua metade, a parte que faltava em você. não nasci com o propósito de secar suas lágrimas e meu amor não permanecerá onde a posse estiver. serei sua somente e apenas porque sou inteiramente minha e não espero nada menos de você. somos completos. e temos um ao outro. confiamos na transitoriedade.

não possua nada. seja!

domingo, 11 de fevereiro de 2018

cemitério de elefantes

franklyn, my dear.
depois dos vinte e quase um diploma
não há mais espaço pra inspiração.

acabo percebendo algo recorrente,
senão pra mim, pra muitos de mim,
que os escritos
aqueles que por vezes carregam um rima
são onde descansam as almas dos que
já foram amados.

mórbido.
poético.
um tanto intelectual, visto o título deste aqui.

aqui jaz um gemido prezo na garganta.
e neste aqui, meia dúzia de lágrimas
que jamais chegaram a molhar qualquer travesseiro.

hoje, por exemplo, um pouco mais perto da minha morte
e quase um diploma
passei creme anti idade pela primeira vez.
o que meu avô iria dizer?
bem, sigo dizendo aos jovens,
aos que ainda escrevem ou amam com usando a inspiração:
nunca, jamais!, alguém morreu de amor.

só os idiotas.

liberdade, um título clichê

isso vai além de sentir que fiz uma boa escolha perante a vida, me faz até ter de novo aquela vontade de ler poemas e escrever. chega a ser mais excitante do que falar de amor, a forma como ele transborda. a liberdade, esta sim me transborda mais, me intriga. já o amor, ele está ali no alto de um pedestal, daqueles que a gente precisa passar uma vida inteira esticando os braços, pulando, suando até alcançar. por vezes, até duvidamos se era real ou miragem. incrível como o amor se manifesta no fato de eu lembrar do outro o tanto quanto lembro de mim mesma. filha única, vocês me entendem. no entanto, deixe-me explicar que a liberdade é algo como a respiração. experimente prender a respiração por quinze, vinte segundos, ou, se quiser se aventurar, prenda até começar a ficar roxo, igual a Sandra Bullock em Gravidade. e depois respire novamente, livremente. ah! o prazer associado a liberdade é tal qual o prazer de respirar. simples, vital. visceral. está no meu DNA.
é assustador quando parece que perdi, sequer por quinze ou vinte segundos, a minha capacidade consciente em tomar decisões de acordo meu próprio modo de ver a vida, defender minhas certezas, egoicas ou não, mas dar a palavra final.
onde quer que nos amarrem, se você levar a linha mais sádica e masoquista, beleza, nos pulsos, nas ideologias baseadas no medo, naquelas falta de conhecimento - uma puta prisão - ou até aquilo que uns chamam de amor. onde quer que nos amarrem até nos deixarem roxos e alucinando, por cinco segundos os dois meses, não há nada mais biologicamente agradável do que respirar de novo.
ver é sempre melhor. em 4k, HDR, full HD e a porra toda.