quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Um par de meias

O que eu faço pra você? Não sei se você pode sentir o que carrego no potinho, mas só isso que tenho a oferecer. Nada desse mundo faz juz ao presente certo, creio que nem exista o certo, não nesse planeta.
A lua está mudando, é um novo ciclo. As marés estão altas e o mar perigoso. Eu já não sei mais se o que sinto é normal. Não espere de mim um poema normal.
O que vem depois do trinta? O que vem depois do sim? Não, não pode ser mesmo desse mundo. Como em um filme não sabemos quem, afinal, vai ficar com a mocinha, uma tensão que só aumenta e parece não ter fim. Um orgasmo! E depois o sossego...
- Você não me deixe sozinha depois de morta, você fique comigo porque vou ter medo. Vamos atravessar outras vidas.
Eu realmente não sei mais o que dar de mim, nessa língua não há mais nada o que dizer. Me diga qual papel de carta e diagramação conseguem despertar isso em você. Isso que posso guardar num potinho.
Não é desse mundo, não vai ter como escrever uma carta de amor piegas e com rimas. Me perdoe e aceite de bom grado algo que eu achar de bem bonito e puramente simbólico e capitalista.
Um dia, meu bem, debaixo da lua, feito maré alta, depois da canção, aquilo que a gente sente...
Eu quero te fazer sentir isso que guardo no potinho.



Conclusões ao fim do dia

O mundo realmente gira ao meu redor. As pixações de porta de banheiro me são uma afronta e a culpa de falar com alguém que eu não devia ter falado me tiram duas noites de sono e me atacam a gastrite.
Eu queria escrever pra ele, mas olha eu escrevendo pra mim de novo.
Bem no meio do salão, rindo com os amigos e sendo uma das facetas que mais gosto, não consigo ficar só com essa. Eu também sou, na maior parte do tempo, uma idosa com cara de Ensino Médio.
Eu sou uma idosa aos olhos dos outros porque sou o centro do mundo, a novela das oito. Eu cogitei trocar de celular pra ter uma câmera melhor, mudar meu cabelo e tentar parecer menos idosa.
Mas a crise me pegou, a responsabilidade, os prazos que fazem de mim inteligente.
- Não, eu não leria Grandes Sertões Veredas sem um prazo.
Eu não sei mais se quero ser assim. O mundo vai mudar por isso. Os olhos verdes vão desviar o olhar. Eu vou dizer que sou do lado dos que não são tiranos, eu vou escrever sem nexo nem revisão.
Porque o mundo gira em torno de mim, e esse é o meu texto, feito só pra mim, só o que expeli de mim.
Eu sou do lado esquerdo. Lado do coração.