sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Fim de mês

O mês inteiro é preparação de aula para alunos que não te agradecem ao sair da sala, imaginar que se você comprar uma camiseta da mulher maravilha e cortar o cabelo vai conseguir ser tão boa quanto sua professora preferida. É desamores que deixaram mágoas, o dinheiro que é todo pro xérox, o cachorro que é atropelado pelo idiota que não presta socorro. E você tenta mudar o mundo, pelo menos um mundo. E depois de dez minutos ela volta a reclamar que não vai conseguir ser nada na vida. Você perde o sono. Você junta uma grana pra comprar violão e tirar umas fotos e de repente tem que comprar um Celso Cunha. E gente perguntando "por que não tem foto no face?", "por que cortou o cabelo?", porque eu quis! E é criança que te leva um pedaço do coração pra outro estado, que crescem tão rápido. Um bom dia não dito, o medo do futuro da nação. E a eleição? É um não saber o que fazer da própria vida, que quanto mais meiga, mais frágil e quanto mais fria, mais grossa. Não quero me descontrolar, não quero sofrer de amor. Quero mais lirismo, mais poesia, mais chá ao final do dia. Quero inspiração, reposição de energia. Quero amor piegas e tranquilo. Quero ouvir Frank Sinatra e comer chocolate até voltar aos eixos. Final de mês que acaba comigo, esse temperamento inconstante... Não se zangue não, meu amô, ainda temos Machado de Assis, nem tudo está perdido.