quinta-feira, 30 de março de 2017

Respira...

Meu alegre e meteórico instante ainda ressoa, pulsa, vibra com o grave do meu peito. Me disseram pra não escrever poemas, pois eram sentimentais demais. O que dizer da minha prosa nua? Se eu lhe escrever uma prosa ou uma bossa nova, nada vai me devolver aquele instante que mantive os meus olhos nos seus. Aproveitei o que pude, agora já não posso mais. Entao escrevo! Você me despiu mais uma vez, agora mais de perto, usando esse olhar curioso. O tremer de frio ou de outra coisa que balança as folhas nas árvores e os meus cabelos. Minha lua cheia, meu perfume-veneno, meu Bloody Mary e meias arrastão. Me leu e decodificou minhas pupilas dilatadas. Esqueço, já não sei mais contar até cinco. Pudera eu escrever versos duros pra falar de ti. Mal sei de mim agora em que você me provou que tudo que já treinei não me serve de nada. Quando você vem. Pousa. Paira. Respira perto mim. Aproveitei te olhar nos olhos um instante lindo e meteórico. Agora, se olho meio segundo, você me fuzila. Eu me desfaço em plumas.

Pulsa. Pulsa. Respira mais perto de mim.

terça-feira, 21 de março de 2017

Equinócio

Equilíbrio perfeito entre o dia e a calada noite
Brisa amena e virtuosa que arrastam as folhas secas do verão
Permitir soltar, murchar, dissolver amores na imensidão
O passado que já não me serve de consolo, mas de açoite.

Desprender e liberar
Nossas mãos e lábios de sol
No lugar, chuva de março, lençol
Amassado, desembrulhado, cama nova pra desarrumar.

Soltar sem dor, lembrar sem dor, sem dor encararmos a nós próprios.
Outono, meus dias de Saturno,
Sóbrios são os meus deleites e pecados de amor.

quinta-feira, 16 de março de 2017

Ela não quer mais saber de paz

Acordou no meio da noite, aflita, sem saber o que estava acontecendo. O coração pulava, doidim, apertando os pulmões ou esôfago, seja lá o que estava apertando, mas apertava. Olhou pro lado, o noivo ainda estava ali depois da terceira briga da semana, o cabelo dele bem que podia ser de outra cor, se fosse um pouco menos opaco, se ele de repente usasse o mesmo shampoo que ela... E o coração ainda saltitava, rolava, meu Deus, o que havia de ser esse carnaval todo aqui dentro? Tentou se lembrar do sonho, tudo em vão. O coração não pulava assim havia tempo, dava pra se ouvir bater do lado de fora, as veias do pulso, do pescoço, pulsavam, pulsavam. Aquele novo colega de trabalho que chegou essa semana da outra empresa, será que o sonho foi com ele? A respiração ainda mais ofegante do que as trepadas casuais com o pobre infeliz ao seu lado, ah, se ele soubesse sorrir meio assim de ladim... Fechou os olhos. Entendeu o que estava acontecendo e resolveu aproveitar. Com a culpa de lado, com o noivo do lado. Fechou seus olhos puxadinhos de gata siamesa, mordeu os lábios como uma adolescente apaixonada pelo professor, deixou o coração bater e bater e bater e bater até sossegar num longo suspiro. Não sabia mais como sentir aquilo tudo, estava farta de tanta paz. Agora, uma máquina que passa destruindo o que encontra pela frente, sem deixar nem um cadim de nada. Uma moda nova pra sua vida pacata, casa-trabalho, casa-trabalho, casa-trabalho. Alguém com quem trombar pelos corredores, um olhar safado que levou toda a sua calma e a sua paz. Não, nã-não. Ele sorri de ladim e ela não quer mais saber de paz. 

segunda-feira, 13 de março de 2017

O que você viu nele?

- Não sei ao certo. Ele é diferente dos outros. Acho que começou pelo fato de eu não estar nem um pouco interessada e ele me conquistar.
- Geralmente tem sido o contrário. 
- Gostar dos impossíveis, eu bem sei.
- E o que mais? 
- Gosto do jeitinho dele. Da parte dele que é exatamente igual a mim, mas principalmente do que nos faz diferentes. Gosto das músicas estranhas que ele pede pra eu ouvir e das cantadas baratas. Passo horas rindo. 
- E fisicamente? 
- A voz é uma característica física? 
- Acho que sim. Pode ser.
- A cor dos olhos dele eu nunca havia visto. Em cada foto parece diferente e, pessoalmente, é ainda mais intrigante, já que esses olhos ficam me encarando. Gosto da cor do cabelo dele, do cheiro bom que ele tem. Os lábios são macios, o sorriso... Gosto das mãos também. Não sei explicar. 
- Eu não te entendo.
- Não sei exatamente como isso foi acontecer, mas simplesmente ele é o meu preferido. Ele me deixou absorta e fisgada. Isso não era pra ter sido assim, era pra ter sido superficial. 
- Então foi algo que ele fez. 
- Ele me fez companhia. 
- Isso não basta. 
- Ele agiu como um cara normal, não romântico, até um pouco atiradinho. E eu estava me esquivando. 
- Até que...
- Até que eu chamei um colega de classe pelo nome dele. Isso foi a gota d'água.
- Totalmente fisgada. 
- O nome dele nas notificações me deixa sem ar. Eu sei que há nele algo de que eu gostaria de conhecer. Algo que ele faz, um jeitinho de passar a mão no cabelo, ou o modo como segura os talheres. Ele tem algo de que eu preciso e não sei o que é.
- Bom... 
- Dentre outras coisas, claro. 
- Eu sempre soube.
- Mas isso não faz muita diferença agora que a minha vida está voltando aos eixos. Só caminho no escuro sentindo muitas outras coisas e conhecendo outros caras extremamente divertidos, inteligentes, com olhar matador e voz bonita. Até que eu seja fisgada de novo. Fora do controle.
- E isso é muito bom! 
- Logo eu...
- A controladora.
- Quem me dera perder todo o controle de novo, totalmente desarmada como ele me deixou. 
- Mas, dessa vez, sem fôlego, sem roupa, de quatro num quarto de hotel.
- Amém!

terça-feira, 7 de março de 2017

22 coisas pra se sentir com 22 anos (seja lá qual for a sua idade)

1. Dançar em cima da cama.
2. Passar a tarde no shopping com sua melhor amiga e seu cartão de crédito. Sem os namorados!
3. Comprar uma tiara de gatinho igual ao da Taylor Swift no clipe de 22.
4. Flertar com o DJ ou o vocalista da banda na balada.
5. Estacionar o carro longe da festa e, de madrugada, ligar pra alguém e dizer: "conversa comigo esses dois quarteirões até eu chegar no meu carro, vai que sou assaltada e morta, né?"
6. Encher o carro de amigas e gritar "casal teen!!!" pra dois adolescentes se beijando.
7. Adotar uma identidade falsa naquela noite que você não quer passar o telefone pra ninguém.
8. Ligar pro ex das antigas.
9. Fazer uma horinha na papelaria antes de ir pro trabalho.
10. Subir numa árvore com seus primos menores.
11. Brincar de verdade ou desafio.
12. Tirar fotos sensuais naquele dia em você tá se sentindo muito gata.
13. Aprender e praticar novas "cantadas".
14. Festa do pijama like a Waldorf.
15. Fazer brownie com sua amiga (e queimar o dedo fazendo isso).
16. Assistir Netflix pelo celular, no meio da faculdade, em plena terça-feira e morrer de rir.
17. Combinar com sua amiga de flertarem juntas o mesmo cara, só pra ele ficar sem graça.
18. Criar uma agência de namoro só pra ajudar sua amiga a pegar o boy que ela quer.
19. Cantar Like a Virgin na sorveteria com seu melhor amigo quando ele vem te visitar.
20. Tietar um artista plástico no inbox do Instagram.
21. Ir numa batalha de MC's uma vez na vida.
22. Sexo casual.

Bibelô

Um único momento que eu vou guardar comigo pra sempre, feito um bibelô, arrastado pela eternidade afora na boca do povo, falando sobre esse texto aqui que eu escrevi pra me lembrar de você. 
Não vi a cena toda, eu estava apagada e entregue em meio a calafrios febris, calor, frio, calor, frio, calor, remédios amargos. Eu sentia você ali do lado, me vendo dormir. 
Eu não estava dormindo. Estava apagada, isso são coisas diferentes. Eu não durmo perto de quem eu não ame ou confie totalmente. Então eu senti, por horas a fio, você ali, me vendo dormir. 
Me cobria vez ou outra, tirava do meu rosto os cabelos desgovernados da moribunda, fazia carinho nas minhas bochechas tão de vagar que aquilo quase me levava pra outra dimensão. Era o amor. Não em mim, talvez nem em você. Era o amor no espaço entre eu e você. Um amor por horas a fio, até que eu acordasse do meu transe e me aninhasse uma última vez no seu peito. 
Fico feliz por não estar dormindo e me lembrar de tudo isso agora. Um bibelô daquela viagem de uma noite, fria e febril. 
Sei que você gosta quando eu te laço com as minhas pernas bem forte e bem apertado. Embora você se olhe no espelho e repita pra si mesmo o quão musculoso está e quão másculo fica com essa barba sempre bem arrumadinha, sei que seu coração é totalmente submisso. 
Você prefere que eu te diga o que fazer, pra onde vamos sair e fica esperando atento a minha opinião sobre sua roupa e a música que está tocando no rádio. Não sei por que ainda discutimos sobre alguns assuntos, feito duas crianças mimadas querendo ter razão um sobre o outro. 
Eu te deixo ganhar e você me devolve aquele olhar de menino orgulhoso, o meu homem, o cara que abre a porta do carro esperando me ver feliz. 
Dentre todas as suas sacanagens ao pé do ouvido, gosto quando diz "sim, senhora!" em resposta a um pedido meu. E quando você faz o que eu quero, gosto de dizer "good boy" e te dar um beijo como recompensa. 
Gosto do fato de ser na cama o único lugar em que eu te obedeço e satisfaço seus caprichos, deixando você me desembrulhar e me virar do avesso, aqueles olhos bobos de menino quando, finalmente - finalmente! - domina essa mulher teimosa. 
As mulheres regem a sua vida e você está sempre aos nossos pés. Não sei por que ainda exibe essa pose de desinteressado. É sua defesa, nos ama tanto que nos teme. 
Mas eu não vou te machucar, meu menino, posso te deixar brincar de dominar, me fazer dormir no seu peito, no banco de traz do carro ou me cobrir com seu moletom. 
Eu sou minha, sou inteira, sou mulher. 
Mas, se quiser, pode me levar que eu deixo. 

segunda-feira, 6 de março de 2017

O que há de tão arrebatador em O Grande Gatsby (e alguns spoilers)

Li O Grande Gatsby pela primeira vez quando eu tinha 15 ou 16 anos. No primeiro momento, foi arrebatador. Achei que ele seria tão emocionante quanto naquela época, mas me enganei. Continua sendo uma obra de arte de fazer qualquer um chorar, mas como eu já sabia o enredo de cor, pude deixar a emoção de lado e ter um olhar mais maduro frente a outros aspectos. Eu pre-ci-so relatar minhas novas impressões.

Se você já assistiu ao filme, ou pelo menos o trailer, deve se lembrar da cena em que Gatsby joga suas camisas escada abaixo, formando assim uma chuva de seda, muito dinheiro caindo do céu, macio e colorido. Essa continua sendo uma das minhas cenas preferidas. Não há descrição mais fiel do que as de Fitzgerald. Você está lá, em suas festas, vivendo o sonho americano nos anos 20. Beleza, dinheiro, luxúria.
Outra cena magnífica e, pasmem, engraçadíssima, é quando Gatsby enche a casa de Nick de flores, pois vai se encontrar com Daisy aquela tarde, na casa do amigo. Aquilo se transforma em uma floricultura, ou melhor, uma floresta (só com flores, se é que isso existe). Achei romântico aos 15, mas agora, isso foi extremamente cômico. 
Há certa crítica ao consumismo, ao dinheiro e a essa vida luxuosa e isso fica claro no final, quando toda aquela gente que frequentava as festas de Gatsby, ninguém compareceu ao seu velório. Outra parte tocante é o único elogio que recebeu durante todo o romance, vindo de Nick: - É uma gente ordinária - gritei, através do gramado. - Você vale muito mais do que todos eles juntos. 
Isso é verdade. Não há personagem mais ingênuo, puro, esperançoso, batalhador que Jay Gatsby. Meu coração se compadeceu dele no momento em que encheu a casa de Nick de flores e também nesse momento do elogio. 
No final, achei toda aquela gente mesquinha, mas ainda assim, nosso protagonista é odiosamente tonto. Bobão. Pateta. Ou qualquer outro adjetivo infantil que você consiga se lembrar. Tudo o que construiu na vida, todos os seus passos, suas festas, tudo foi pensado para apenas uma mulher. Isso é o que eu chamo de criar expectativas, amigos... 
O que torna, então, esse livro arrebatador? 
Primeiramente, a escrita. Você consegue dançar jazz naquelas festas escandalosas enquanto se delicia na leitura. Outro aspecto importantíssimo que só me dei conta nessa releitura é que Daisy é cultuada pela sua voz, talvez uma das suas características mais fortes. No entanto, sempre quem descreve a sua voz, na maioria das vezes, é o narrador, Nick. 

O som dela me faz feliz. Mas não costumo cantá-la muito pois tenho medo de gastá-la. (Diz Gatsby). 
Ouvi dizer que os sussuros de Daisy serviam para fazer os homens se aproximarem mais. (Diz Nick). 
Era o tipo de voz que os ouvidos acompanhavam minuciosamente, como se cada frase fosse um arranjo de notas que nunca mais seria repetido. (Nick outra vez)

Você é arrebatado pelo luxo e pelo amor, ambos tão exagerados que você não consegue se conter. Eles vêm como uma onda forte ou um tornado, arrancando suas raízes presas ao chão. No final, mais uma vez, você é surpreendido pela face desumana e superficial das pessoas, da maioria delas. E mais uma vez suas esperanças são tiradas de você. Arrebatador. Essa palavra que me faz lembrar a Rejane, ela usou em uma aula em 2013 e eu jamais esqueci. É bom se deparar com algo arrebatador. 
Leiam esse livro! 

sexta-feira, 3 de março de 2017

22 aforismos de aniversário

1. Vai haver um momento na sua vida - vários, eu espero - que você vai se dar conta de que é um momento especial. Aprenda a identificá-lo e aproveite da melhor forma. Segure a mão dele, se for o caso. Não deixe passar. 
2. Uma vez na vida você vai conhecer alguém que irá virar seu mundo de ponta cabeça. Ainda vai se lembrar dele anos depois. 
3. Não adianta ser triste. Sua missão de vida não é essa. Seja feliz, brigue por isso, encontre um lugar na sua alma onde nada vá te abalar. Não digo que é fácil, mas possível. 
4. O certo e errado são coisas subjetivas. Nesses casos, ouça a sua consciência. É o Deus que habita em você. 
5. Ciúme não é legal em nenhuma circunstância. Ciúme é insegurança e, pra quê estar com alguém que você não confia? 
6. Confiança é o seu melhor acessório. Se não tiver, trate de providenciar. 
7. A entrega é fascinante. Transcendental. É tudo que o ser humano mais quer e também, o que ele mais teme. 
8. Sempre soube exatamente que tipo de mulher eu queria ser quando eu crescesse. Eu me encontro com ela quando tenho a sensação de ter feito a escolha certa. Minha criança interna sente orgulho. 
9. Não nasci pra ser "piranhona". Tentei algumas vezes, mas não deu. Gosto de mirar no alvo e atirar; vez eu outra, deixo que atirem em mim. Não é só chegar e entrar, tem que ser bom o suficiente. 
10. Cada dia, cada ano, aprenda a viver com menos, até que você olhará a sua volta e encontrará sentido em tudo. Cada peça de roupa te fará feliz. Você poderá nomeá-las, se quiser. Tudo terá seu valor, nada estará sobrando. 
11. Sou extremamente forte. Hoje posso dizer isso com total convicção. 
12. Os animais, magicamente, transformam suas emoções. 
13. Algumas coisas você só é capaz de enxergar quando passa um tempo sozinho. Voltar aos seus valores, por exemplo, ou passar o dia todo se amando e se namorando no espelho, sem precisar de elogios ou curtidas pra validarem a sua beleza. 
14. Uma vez que você descobre o seu poder e o tem nas mãos, você pode tudo. Onde você o encontra? Dentro de você. Com silêncio e meditação. 
15. Olhe mais nos olhos. Toque mais a pele. Sinta mais. 
16. Acredite se quiser, no mundo dos diferentões, eu sou apenas uma garota comum. 
17. Pra mim, sempre haverá tempo pra fazer os 30 seconds dance party no meio do dia, depois de uma reunião. 
18. Não tenha medo de levar um não. Se você se liberta do medo, então o mundo é seu. Chega nele e diz que tá com saudade! 
19. Se não gosta de ler, ainda não encontrou o seu livro da vida. Se não gosta de vinho, ainda não encontrou seu vinho da vida. 
20. Tenha seu restaurante preferido, suas músicas preferidas, os pontos do seu corpo que mais te excitam e não os associe a ninguém. Quando alcançar isso, vai se sentir plena e autossuficiente. 
21. Mas sempre esteja disposta a conhecer novos restaurantes, novas canções e novas posições sexuais quando estiver com alguém. 
22. O amor começa em você. Quando ele te curar, preencher e transbordar, você será capaz de amar o mundo inteiro. But first, you! 

quarta-feira, 1 de março de 2017

não há nada que você possa fazer se você não for ele

torço pra que dessa vez o eu lírico seja em terceira pessoa e
mais uma vez eu falho.
deve ser porque gosto da minha própria voz quando a ouço
falando com o espelho ou contando uma historia simples
que eu enfeito com arabescos.
eu me apaixonei uma vez pelo homem de voz perfumada do rádio,
a memória olfativa se esvaiu dando lugar a essa fixação por vozes.
então se houver uma forma mais poética de quebrar o coração de alguém...
assim como todo o cheiro daquele beijo.
o perfume daquela voz.

um não mais doce do que os que recebi do moço lindo dos olhos azuis.
um não que seja menor e mais rápido de se dizer,
sem que eu precise ensaiar tanto ou me justificar depois.

hoje no banho, enquanto observava a espuma que saia das minhas mãos,
ou depois, ouvindo blues boy tune,
percebi que eu gosto de estar sozinha.
enumerei minhas qualidades em duas páginas
pra não me esquecer do que realmente importa,
toda vez que leio eu só penso em te dizer não.
não quero sair de todo esse casulo azul-safira que eu criei.
não pros seus braços.
daqui eu não saio, da minha solidão cheirando à canela e anis.
eu não saio por você, não saio de casa por você,
esse poema nem é pra você.
é pra mim. e pensando nele. 
como toda coisa bonita que escrevo últimamente.

sozinha...
passando hidratante labial de cereja com o pincel
demorando no banho cada carinho merecido.
acendo uma vela, apago as luzes da casa.
eu tenho acordado com a pele fresca, presente dos deuses à uma moça 
da minha idade.
eu sou corajosa e poeta, uma poeta corajosa.
esse final cítrico de verão e tudo que eu criei
sozinha
são muito mais do que você poderia suportar.

se houvesse um não mais poético, com certeza eu usaria.
mas como não há, sinto lhe dizer, 
eu sigo melhor aqui
sozinha.