sexta-feira, 24 de abril de 2015

Puxe uma cadeira

Sirva-se de café e poesia, adoce-se de tristeza, queime a língua. Psicografe os sentimentos incômodos. Chore! Chore! No meu ombro, debaixo das suas cobertas, entre minhas coxas. Lave meu cabelo. Lave a minha alma e leve daqui as impurezas dos dias de sol, as broncas do patrão. Leve as pessoas que já se foram a muito tempo e ainda não notaram. Queime a língua. Fale demais e enjoe dos seus próprios argumentos, ligue pra ele e recupere a criatividade. Acaricie suas asas, fale de amor. Psicografe, tipografe, libere. Escreva! Escreva! Faça amor, fale de amor, esqueça o mundo lá fora, puxe uma cadeira e fique aqui comigo. Lá na frente tem tanta coisa boa... Os votos, os laços de fita, o último pesar, o suspiro de alívio, a primeira dança. Queime o que já não presta, apague o cigarro. Beije, sonhe. Compre uma vitrola e carregue debaixo do braço pra todo canto. Cante-me aquela nossa música quando eu não conseguir dormir. Beba-me. Cure-se. Puxe uma cadeira e me olhe com olhos de primeira vez. Avelã, cor de mel, loiro-escuro-acinzentado. Grite, solte o balão. Volte pro quentinho debaixo do meu vestido. Tire, cheire, morda, seja meu. E fique. Você, a Gigi e a Noelle. E só! Puxe uma cadeira e me fale de amor, refaça-me de amor, refaça-se. Ainda há a poesia, meu bem.