domingo, 14 de junho de 2020

seguir por obrigação ou um grandessíssimo tabu contemporâneo

oi :)

desde 2013, se não me engano, quando eu tinha um celular mais simples que não suportava o aplicativo do intagram, eu ficava cobiçando as fotos conceituais de outras pessoas, com aqueles filtros nativos que, hoje em dia, são considerados um horror e meu sonho era ter um celular mais moderno pra fazer fotos igualmente conceituais. foi então que eu tive meu galaxy pocket e tudo começou.

esse sempre foi meu aplicativo preferido. pouco tempo depois, eu abandonei o facebook, que se tornou a rede social dos nossos pais, tios e avós, enquanto os jovens tinham instagram, postavam selfies, depois começaram a compartilhar algo muito melhor: experiências e conhecimento.

vamos dar um salto pra 2020. o instagram não representa mais a mesma coisa pra mim; ele se tornou um vício! eu já tenho os meus critérios para usá-lo, sei exatamente o que gosto, não tenho medo de fazer novas seleções, aprendo estoicismo, minimalismo, participo de clubes literários. o grande porém é que essa ferramenta é extremamente viciante e nos rouba tempo de leitura, de reflexão, de silêncio. desde então, tenho procurado novas maneiras de lidar com seus pontos fortes e fracos, preservando minha paz mental.

hoje, eu quero conversar sobre o tal do "seguir por obrigação", um grandessíssimo tabu contemporâneo. muitos de nós já superou o assunto menstruação, por exemplo, mas ainda segue no instagram aquela conhecida que não sente muita afinidade.

eu estava lendo alguns livros sobre neurociência* e algumas passagens explicam sobre a nossa necessidade de retribuir e agradar (é o que nos faz ceder a um vendedor de roupas insistente, por exemplo). eu também sinto isso, não estou isenta da culpa quando fulanita resolve tirar satisfações comigo sobre porque parei de acompanhá-la nas redes sociais. o ponto é: eu não gosto de atitudes diplomáticas ou evasivas e a culpa que eu sinto quando saio pela tangente quando eu deveria ter sido sincera é muito superior à culpa por ter "magoado" alguém por um motivo tão insignificante.

aqui vão as minhas sinceras explicações: eu não sigo as minhas amigas nas redes sociais porque não me interesso por lifestyle ou selfies; eu não sigo algumas amigas nas redes sociais porque seu senso estético (lê-se: filtros, assuntos, paleta de cores, fotos sem noção sobre como ela se cortou com a faca, foto dela tomando soro no pronto atendimento etc) não me agrada; não sigo familiares ou conhecidos da minha cidade porque não gosto de me expor, por isso, geralmente bloqueio essas pessoas; não sigo perfis pessoais das minhas amigas ou conhecidas que não têm a ver com algo do meu interesse, por exemplo, se não tenho curiosidade em aprender sobre arquitetura, não seguirei a amiga que fala sobre o assunto; bloqueio pessoas, sejam elas famosas ou não, que eu sinto qualquer desconforto, ex amiga, ex namorado ou blogueiras brancas que se fantasiam de negras etc; dentre muitos outros casos, mas acredito que vocês entenderam o x da questão.

outras explicações adicionais que deveriam ser óbvias, mas não são: amizade não é seguir no instagram, é ter uma checklist com o nome das pessoas que serão convidadas pro seu aniversário; amizade não é seguir no instagram, é separar uma parte do seu orçamento pra viajar com a melhor amiga todos os anos; amizade não é seguir no instagram, é comprar os produtos que ela produz e ajudar a divulgar seu trabalho; amizade não é seguir no instagram, é saber que uma pode contar com a outra nos momentos bons e nos ruins.

sobre as pessoas conhecidas que mesmo assim se sentem no direito de cobrar quando eu paro de seguir: não sigo perfis que não agradam meu senso estético; não sigo perfis de assuntos que não são do meu interesse; não sigo pessoas que só postam selfie ou foto de casal (isso é um assunto pra terapia, mas me sinto muito incomodada com trocas de fluidos corporais em público, argh!); não sigo perfis que incentivam o consumo; também não sigo pessoas que possuem algum valor muito destoante do que eu acredito como indivíduos preconceituosos, meritocráticos, conservadores etc. já deixei de seguir uma pessoa que eu gostava bastante, mas perdi a admiração quando ela começou a se mostrar ciumenta com o marido dela. não é pra isso que eu pago internet, convenhamos.


parece muita coisa, mas o mundo é outro - e olha que nem estou entrando no mérito do mundo pós pandemia - e os valores são outros. acredito que as blogueiras do corpo perfeito já não tenham mais tanto espaço e relevância, e os perfis que lutam por alguma causa ou ensinem algo estejam ganhando força. mas, como eu disse, nada é tão óbvio, apesar de extremamente simples. gosto muito dessa frase que rege a minha vida e resume esta e outras questões (preste atenção e guarde bem!):

don't do anything/ don't own anything/ don't be anywhere/ or around anyone/ that you don't love**


considerações finais: sei que o instagram e tantas outras redes sociais é o trabalho de muita gente, por isso, não se sinta ofendida ou ofendido por eu ter chamado o aplicativo de insignificante. apesar do seu pior defeito - na minha opinião! - ser o tal do vício, é uma excelente ferramenta pra ficar por dentro de conteúdos maravilhosos de tanta e tanta gente especialista nos mais variados assuntos, além de poder conhecer e conversar com pessoas que compartilham vivências incríveis. só peço uma coisa: mantenha a vida simples! sem cobranças, sem perder tempo com o que não acrescenta. pra mim, o instagram é um pouco insignificante sim, por isso não leve a mal se eu parar de te seguir por lá. o que importa é a vida que acontece offline.


Y A Y!


* "cérebro, uma biografia" e "o cérebro que não sabia de nada"
** não sei exatamente a autoria da frase, mas eu vi no site da Aja Edmond. a tradução é algo como "não faça nada, não possua nada, não esteja em nenhum lugar ou ao redor de qualquer pessoa que você não ame"

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