quarta-feira, 12 de outubro de 2016

"Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios"

Rosados molhados macios beijáveis. Eu reparei neles logo que vi, junto com a barba que está meio em alta nos últimos tempos, mas que não cai bem em todo mundo.
Eram os lábios entreabertos mais lindos que já vi.
Seus lindos lábios sujos de cobertura de bolo ou vermelhos de batom. Os seus lábios  todas as vezes em que eu precise ouvir "boa prova" antes de uma prova. Que eles falem baixinho no meu ouvido dentro do cinema, justamente pra que eu pare de falar bem baixinho no seu ouvido no cinema.
E não são foram só braços fortes, pele macia, seu cheiro de amaciante e um ar de quem iria despedaçar meu coração. Foram aqueles lábios tão beijáveis e doces que me disseram "oi" e então eu soube que eu quero te manchar de batom e assoprar na sua orelha pra te acordar aos domingos.
Eu quero que você me diga, com a voz mais sexy que conseguir, que preciso passar no banco pra pagar a fatura do cartão de crédito. Você poderia me dizer que daqui a dez segundos eles ativarão todas as armas nucleares e que a humanidade não passará de cinzas.
Você pode me contar, se quiser, enquanto eu caio do 25° andar - ou das nuvens - e eu serei estarei em paz como uma pena pousando sobre um travesseiro.



Comprometida

Primeiro vamos tratar essa paixão como um narcótico. O corpo entra em transe e você se despluga da realidade, um mundo paralelo onde tudo é possível. Os beijos e o cheiro de fumaça no seu cabelo, irresponsabilidade ilusória, uma grande propenção a tomar atitudes descabidas.
Depois um chá e uma meia. Nunca tome chá sem meias, perde todo o encanto do momento. O resto das roupas é opcional. Um bom livro de comédia romantica ou filosofia, e se não tiver nublado, feche as cortinas.
O quão irresponsável você pode ser um pouco antes dos 30, na véspera do seu casamento, se você resolver se trancar em casa com um chá e dois livros, ouvir uma bossa nova e pensar naquele seu ex colega de trabalho enquanto estuda um belo artigo científico sobre o ciúme. Acho que nem Balzac, nem Freud, nem mesmo a Lili Prata iriam julgar assim... Uma mulher inquieta que está louca, maluca mesmo, por uma boa noitada sozinha e um buquê de rosas vermelhas compradas com seu próprio cartão de débito.
Comprometida...
Comprometida...
Bobagem.