quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

janeiro

é janeiro e está sendo um mês terrível, assim como eu tinha planejado. é um mês de quebra de expectativas e renovação, uma serpente trocando de pele, uma lagarta se transformando em borboleta. cada dia é uma preparação inútil para ser mais estoica e menos estressada, aprender a lidar com uma vida inteira de docilidade que me foi imposta, ao mesmo tempo que me liberto disso.

estou lendo um livro novo que se chama "indomável" e o prólogo diz respeito a um guepardo que nasceu em cativeiro e foi domesticado pra se comportar como um labrador. o pobre animal passa a vida correndo atrás de um coelho de pelúcia, em frente a uma plateia, pra depois ganhar um bife ao final do show. 

me sinto da mesma forma; um guepardo tendo que se comportar como um labrador. no meu caso, não posso falar e, quando falo, sou "grossa", "ingrata", "mal educada"; tenho que pedir desculpas mesmo estando certa, tenho que perdoar... perdoar de novo, passar por cima da minha palavra.

eu disse pra psicóloga que sentia culpa por não estar feliz nesse mês tão importante pra mim, por não estar me comportando de modo reluzente, como era de se esperar e de não estar grata. mas nunca foi fácil assim como parece. nunca foi fácil ter que me esconder neste blog por tantos anos pra poder ser quem realmente eu sou. pra poder sentir e ter meus sentimentos respeitados. nunca foi fácil e não é agora que isso vai mudar. é preciso se afastar daquilo que te adoece, primeiro.

janeiro está sendo terrível e não estou grata nem feliz. no verdadeiro caos, uma coisa acontece: minha mente é um barco em meio a uma das maiores tempestades em alto mar de toda minha vida. não se vê esperança nem arco-íris. mas lá no final do horizonte, vejo um farol atravessando as nuvens. não sei se vou encontrá-lo em fevereiro, em março... mas é pra lá que eu sigo. meu foco. meus objetivos. a palavra final que eu prometi para mim mesma. 

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